quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Alcatrazes e a morte lenta da memória colectiva


Alcatrazes, localizada na parte oriental da ilha de Santiago, apesar do estatuto de vila no século do achamento e sede da capitania do norte (Ribeira Grande era a sede da capitania do sul), por situar-se numa região agreste, pouco favorável à agro-pecuária e ao comércio marítimo, teve uma existência breve e apagada, declinando-se já na segunda metade do século seguinte ao achamento, devido ao abandono dos seus habitantes que, desde 1513, tinham começado a transferir-se, inicialmente, para Ribeira Grande e, posteriormente, para Praia - nova sede da capitania do norte.





























Em 2007, visitei pela primeira vez a localidade acompanhando um colega historiador em missão académica e revoltoso foi ter encontrado um dos patrimónios históricos do país em completa deterioração. Apesar da tentativa nos anos de 1970 do então padre responsável pela igreja, António Cachada, de restauração da mesma, na época da minha primeira visita, restavam apenas escombros da antiga igreja. Ao lado, uma nova igreja era construída ao lado da velha, dando lugar a uma aberração arquitectónica e a morte lenta da memória colectiva do lugar.

Hoje, numa total cegueira arquitectónica, alguém lembrou-se de vestir as paredes antigas de cimento. Situações do tipo mostra a falta de visão histórica, cultural e turística dos responsáveis e promotores desta terra, visto que, patrimónios desses deveriam ser preservados e transformados em espaços turísticos obrigatórios para estrangeiros e, sobretudo, nacionais.

Devemos começar a preservar o nosso património cultural e a partir de uma filosofia de turismo comunitário, reinventar circuitos turísticos alternativos ignorados pelas agências turísticas que operam por estas bandas. Penso que só assim podemos começar a inovar no sector e a falar de turismo sustentável.

1 comments:

Vadini Ferreira disse...

Concordo completamente consigo Redy Lima. O património näo é preservado em Cabo Verde e isso é facto. Infelizmente na direcäo que estamos indo acabaremos como ghetos turisticos. O pior é que existem estudos e mais estudos relatando isto e nada muda. Quanto a reinventar os circuitos turisticos tb näo podia estar mais de acordo. O que me doi a alma, no entanto, é constatar que como disse o Miru. " a nós nos ensinaram só a pedir". O sentimento de impotëncia que o criolo sente(em Cabo Verde) é perturbante. E o pior, quando um cabo-verdiano faz alguma coisa, cria o seu negócio, säo os próprios criolos que querem meter água, " ami n ka ta bay , má abó mé bu ca ta bay". Como disse o Skapa, nivelamos por baixo.
Desculpe meu caro, queria apenas lhe dar os parabéns pelo artigo acabei vomitando as minhas dores. Gostei muitissimo. Parabéns.

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