sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Que turismo para Cabo Verde? Para onde vamos?


Qual é o futuro das chamadas ilhas de vocação turistica?*

Recentemente assisti à apresentação de um destacado promotor imobiliário que no âmbito do tema "Cabo Verde, os desafios do salto" debateu sobre uma estratégia para Cabo Verde.

Segundo o mesmo promotor, Cabo Verde está localizado no corredor do atlântico por onde circulam milhões de turistas por ano, que são absorvidos pelos principais destinos como sejam o Brasil, o Caribe e até Canárias e o sul da Penisula Ibérica.

Na visão deste, o turismo em Cabo Verde é marginal e incipiente, com menos de 0,5 milhão de turistas por ano e tendo os hotéis um taxa média de ocupação de 40%.

Portanto enquanto destino turistico estamos apenas a começar e ainda não somos suficientemente competitivo para concorrer com destinos consolidados. Afirmações que contrariam a euforia em torno do turismo enquanto solução para o desenvolvimento do país.

O modelo de hotel, sol e praia onde impera o "all inclusive" é na prática o único modelo disponivel, visto que o país não está preparado para receber turistas fora dos hoteis.

E o grave nisso é que as actividades economicas que poderiam estar a abastecer os hoteis quer a nível de produtos, quer a nível de serviços, não estão preparados para fornecer com qualidade, pelo que também ficam à margem desse apetecivel mercado.

Desconheço os dados mais recentes mas já em 2008 Cabo Verde recebeu cerca 333.4 mil turistas, agora imaginem o que isso representa em termos de refeições, serviços, tours etc., caso houvesse mais participação das empresas "di tera" no fornecimento aos hotéis.

Teriam imediatamente um novo mercado, naturalmente mais exigente, mas com maior poder de compra e apetência para o consumo do que o mercado doméstico.

Não resta dúvida que aí está uma grande oportunidade para as empresas nacionais exportarem aqui dentro e isso ilustra, a meu ver, a falta de conexão existente entre a chamada industria do turísmo e as restantes actividades económicas pelo que o incremento do número de hoteis e projectos nessa área já não ilude e até assusta.

O potencial do turismo funcionar como gatilho para a promoção da actividades económicas local é uma visão antes de tudo integrada Esta é a grande deficiência estratégica central. Concentrado nos investimentos hoteleiros, grande parte todo o esforço que o estado despende em recursos promocionais acaba beneficiando em exclusivo as grandes cadeias e o modelo all-inclusive numa escala desproporcional. Repare na distribuição de dormidas por tipo de unidade hoteleira. Já quase não temos pousadas. Quando vejo pousadas como a Residencial Nazare na cidade da praia, com uma qualidade excelente lutando para sobreviver... Isso é sustentável?

A agravar-se mais ainda há uma completa falta de sintonia com a cultura e o social. De que interessa conhecer uma terra e não se cruzar culturas e vivências?

Conforme Leão Correia e Silva, Cabo Verde vive ao longo da história, ciclos de oportunidades que se fecham sem que se consigam aproveita-las para catapultar as ilhar para um novo patamar de desenvolvimento. É assim desde o povoamento.

Na actual conjuntura o turismo é sem dúvida uma dessas janelas de oportunidades, mas dado o modelo em curso, a questão é para onde vamos?

2 comments:

gicas disse...

É pura verdade! Mas já há exemplos residuais de empresas k abastecem hotéis,hoje comi Congo nacional num pequeno resort e tb há queijo local..mas são exemplos insignificantes, muito mais pode ser feito!! Já há produção missiva de alguns produtos em são Nicolau o mal é o transporte e a cadeia de distribuição e certificação de qualidade!

Unknown disse...

pois é de facto GI. O envolvimento da economia local e a coordenação dos sectores eliminaria essa descoordenaçao. Como aquela cena bizarra do Cruzeiro que chegou em Porto Novo e os turistas n puderam desembarcar. Típico lose-lose mas todos podem ganhar.

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